O que é bancarização, o que faz um bancarizador e como funciona nas operações de crédito

calendar_month 28/07/2025

A bancarização tem ganhado espaço no centro das discussões sobre o futuro do crédito no Brasil. 

Em um país onde a exclusão financeira sempre foi um desafio, compreender o que significa esse processo é essencial para empresários e investidores que desejam explorar novas alternativas para captar recursos ou aplicar seu capital de forma estratégica.

Neste artigo, explicamos o que é bancarização, como ela opera dentro das estruturas de crédito, qual o papel do bancarizador e por que esse conceito se tornou um elemento fundamental na evolução dos modelos de financiamento no país.

O que é bancarização e como ela ajuda empresas a captarem crédito

De forma geral, bancarização é o processo que permite a inclusão de pessoas físicas e jurídicas no sistema financeiro formal. 

Isso envolve o acesso a produtos e serviços como contas bancárias, meios de pagamento, crédito, investimentos e seguros. 

Tradicionalmente, esse conceito estava associado à abertura de contas e obtenção de crédito básico, mas nos últimos anos passou a incorporar soluções mais complexas, como o uso de plataformas digitais, bancos não tradicionais e estruturas de crédito.

No contexto empresarial, a bancarização vai além da simples movimentação bancária. Ela representa a formalização de fluxos financeiros que antes estavam restritos a relações informais ou difíceis de rastrear. 

Com isso, as empresas podem transformar seus direitos creditórios em instrumentos financeiros organizados, monitoráveis e aptos a serem utilizados como base para operações de captação de recursos.

O Brasil evoluiu significativamente no processo de inclusão financeira nos últimos anos. 

No entanto, muitas micro e pequenas empresas ainda enfrentam obstáculos para estruturar seus fluxos e integrá-los de forma eficaz a operações de crédito mais robustas.

Como funciona a bancarização nas operações de crédito estruturadas?

Quando uma empresa busca captar recursos estruturando uma operação baseada em seus recebíveis, ela precisa garantir que esses valores possam ser recebidos de forma centralizada, auditável e segura. A bancarização dos fluxos é o que torna isso possível.

Ao organizar os recebimentos de vendas, aluguéis, mensalidades ou qualquer outro tipo de receita em contas específicas e vinculadas à operação, a empresa oferece ao investidor uma maior previsibilidade sobre os pagamentos. 

Isso viabiliza o uso desses ativos como lastro para a emissão de instrumentos como notas comerciais, certificados de recebíveis ou tokens digitais.

Além disso, ao centralizar os recebimentos, a empresa consegue implementar mecanismos de controle e reforço de crédito, o que torna a estrutura mais atrativa para investidores. Isso é especialmente importante em modelos que envolvem diferentes perfis de risco e rentabilidade.

O que faz um bancarizador e qual seu papel no processo de bancarização?

O bancarizador é a figura responsável por viabilizar a conexão entre os ativos da operação e o sistema bancário. 

Sua atuação é indispensável para garantir que os fluxos da operação ocorram dentro de um ambiente controlado, transparente e auditável.

É ele quem abre contas bancárias vinculadas à operação, recebe os pagamentos dos devedores, organiza os repasses para os investidores conforme o cronograma e fornece relatórios que ajudam a monitorar a performance da estrutura de crédito.

Em muitos casos, o bancarizador também atua em parceria com securitizadoras, gestores ou agentes fiduciários, criando uma malha de proteção que garante a integridade da operação. 

Seu papel se torna ainda mais relevante em operações tokenizadas, onde a movimentação de ativos digitais depende de uma âncora no mundo real.

A relação entre bancarização e a SCD

No cenário regulatório atual, o termo bancarizador muitas vezes é utilizado como sinônimo de uma instituição SCD, ou Sociedade de Crédito Direto

Criada pelo Banco Central para ampliar a competição no mercado de crédito, a SCD é uma empresa autorizada a realizar operações de crédito com recursos próprios, sem a intermediação de um banco tradicional.

A SCD permite que uma empresa formalize dívidas, como as CCBs (Cédulas de Crédito Bancário), diretamente, com registro oficial em entidades como o Registrato do Banco Central

Isso torna a operação juridicamente válida e passível de execução, o que garante mais segurança para todas as partes envolvidas.

Além disso, a SCD viabiliza a bancarização interna, ou seja, dentro do próprio ecossistema da empresa estruturadora, sem a necessidade de recorrer a terceiros. 

Isso significa formalizar a dívida com instrumentos reconhecidos, registrar os dados em sistemas regulados e garantir o monitoramento completo do ciclo da operação. 

No ecossistema da tokenização, a SCD poderá também se integrar ao uso de blockchain, criando registros sincronizados com contratos inteligentes e ampliando a visibilidade e rastreabilidade das transações.

A bancarização bem executada oferece benefícios tangíveis para ambos os lados de uma operação de crédito. 

Do ponto de vista das empresas, ela permite organizar os fluxos financeiros, formalizar recebíveis que muitas vezes estavam dispersos e estruturar ofertas mais competitivas. Isso amplia as possibilidades de captação, inclusive com condições mais favoráveis, como taxas menores ou prazos mais longos.

Para o investidor, a bancarização representa uma camada adicional de segurança. Ao saber que os pagamentos dos devedores estão sendo recebidos em contas específicas, monitoradas e com controles automatizados, há mais confiança na recuperação dos valores investidos.

Outra vantagem relevante é a possibilidade de aplicar mecanismos de reforço de crédito, como reservas de liquidez e subordinação. 

Com os fluxos organizados, é mais simples implementar regras que priorizem certos pagamentos ou que criem colchões de proteção em caso de atrasos.

Bancarização e tokenização: integração entre crédito real e infraestrutura digital

Nos últimos anos, a tokenização de ativos tem transformado a forma como as operações de crédito são estruturadas e distribuídas. 

A bancarização é uma peça essencial nesse processo. Ela garante que os fluxos financeiros utilizados como base para os tokens estejam devidamente organizados, formalizados e rastreáveis.

Quando uma empresa emite TIDCs (Tokens de Investimento em Direitos Creditórios), por exemplo, é fundamental que os recebíveis que servem de lastro estejam bancarizados. 

Isso garante que o investidor consiga verificar, com base em relatórios e informações registradas em blockchain, se os pagamentos estão ocorrendo conforme previsto.

A integração entre contas bancárias e contratos inteligentes permite automatizar pagamentos, registrar inadimplências em tempo real e distribuir os rendimentos com mais agilidade. 

Essa combinação de infraestrutura digital e organização financeira potencializa a eficiência das operações e amplia o alcance dos instrumentos de crédito estruturado.

Como avaliar uma operação estruturada com bancarização

Para empresas que desejam captar recursos e para investidores interessados em operações com fluxo bancarizado, é importante analisar alguns fatores que influenciam diretamente na robustez da estrutura. 

Verificar se a empresa possui controle sobre seus recebíveis, se os fluxos estão sendo direcionados corretamente para contas bancárias específicas e se há relatórios regulares de performance é um primeiro passo essencial.

Além disso, é necessário observar se o bancarizador ou a SCD responsável possui credibilidade, infraestrutura tecnológica e capacidade de integração com as demais instituições da operação. 

A clareza na estrutura de recebimentos, a existência de pontos de controle automatizados e a transparência nas comunicações com os investidores são sinais de maturidade operacional e podem indicar que a operação foi bem estruturada.

Bancarização como pilar da transformação no mercado de crédito

A bancarização não é apenas um requisito operacional. Ela se tornou um componente estratégico nas novas formas de estruturação do crédito, especialmente no Brasil, onde a diversidade de perfis de empresas e investidores exige soluções flexíveis, mas seguras.

Ao garantir que os fluxos financeiros estejam formalizados, rastreáveis e controlados, a bancarização fortalece a confiança no sistema e permite a criação de produtos mais inovadores, como tokens de crédito e operações descentralizadas. 

Para empresários, é uma ferramenta que abre caminhos para captar com mais liberdade. Para investidores, representa uma proteção essencial diante de um cenário cada vez mais complexo e tecnológico.

No centro dessa revolução, a SCD surge como o elo entre o mundo tradicional e o universo digital, promovendo inclusão, eficiência e confiança.


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